Muito mais do que você imagina, Mafalda... |
É uma frase
simples e intuitiva (ao menos pra mim). E agora temos evidências científicas
disso!
O medo é
uma resposta não racional basicamente causada por desconhecimento e a sensação
de falta de controle. Temos medo daquilo que não conhecemos e/ou não
controlamos. Alguns medos são tão intensos que se tornam fobias. E algumas
fobias têm alvos muito específicos, tão específicos que são chamadas de fobias
específicas (simples, não?). Medo de sangue, de agulhas, altura, aranhas etc...
São todas fobias específicas.
Pois recentemente
descobriu-se que uma terapia de apenas duas horas era capaz de curar uma pessoa
com fobia de aranhas. E a arma? Informação!
Olhem bem,
os candidatos (12 no total) tinham fobia patológica de aranhas. O que significa
que seu medo atrapalhava suas vidas. Como disse a pesquisadora que conduziu a
pesquisa “Antes do tratamento, alguns dos participantes não andavam sobre a
grama por conta do medo de aranhas, ou ficavam fora de sua casa ou quarto por
dias se acreditassem que uma aranha pudesse estar escondida”. Algumas pessoas
tinham tanto medo que não conseguiam nem olhar para fotos de aranhas.
Antes da
terapia os participantes tinham suas atividades cerebrais verificadas durante
uma sequência de fotos de aranhas. A atividade cerebral demonstrava grande
ativação de áreas do cérebro ligadas ao medo. Além disso, era apresentado ao
participante um terrário fechado, onde se encontrava uma tarântula e era pedido
que eles se aproximassem do terrário. Os participantes não conseguiam se
aproximar mais do que 3 metros!
Na terapia,
os participantes recebiam informações sobre a vida das tarântulas e suas
características. Nas palavras da pesquisadora “Eu os ensinei que a tarântula é
frágil e está mais interessada em se esconder”. Em seguida era feito novamente
o teste do terrário, só que dessa vez os participantes eram convidados a se
aproximar gradualmente do terrário. E enfim, a tocar a tarântula! Primeiro com
um pincel, depois com luvas e enfim com as mãos nuas! Tudo isso em duas horas!
Após a
terapia, novas fotos eram mostradas aos participantes, e dessa vez, a atividade
das regiões envolvidas com o medo diminuiu. Houve uma reconexão cerebral.
O que mais
me encanta nesse trabalho é a demonstração do poder que a informação tem. A
informação é capaz de alterar a configuração dos nossos cérebros. Pensar e
conhecer muda a nós mesmos e ao mundo.
Por
exemplo, antigamente acreditava-se que ter um grande cérebro era sinal de maior
inteligência. Baseadas nessa crença várias injustiças foram “justificadas”, como
a superioridade de uma “raça” em relação à outra, ou o impedimento do voto das
mulheres (por terem uma cabeça menor, imagine!). O desconhecimento, ou o falso
conhecimento, abre caminho para atrocidades, intolerância, manipulação entre
outros... Um dos papéis fundamentais da ciência é desmistificar essas falsas
percepções, tentando ao máximo explicar e demonstrar aquilo que é realmente a
realidade (ou que se aproxima ao máximo dela).
Informação
nunca é demais! Mesmo que aquele assunto específico não vá ser “aplicável” à sua
vida, o simples fato de você conhecê-lo forma novas conexões cerebrais, que
estão continuamente melhorando seu raciocínio e percepção.
"Eu não estou usando cueca" OK, em alguns casos existe informação demais... |
Informe-se,
conheça o mundo ao seu redor, isso fará de você uma pessoa melhor, mais
preparada e menos manipulável aos interesses alheios.