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quarta-feira, 23 de maio de 2012

A informação liberta - agora com comprovação científica!


Muito mais do que você imagina, Mafalda...

É uma frase simples e intuitiva (ao menos pra mim). E agora temos evidências científicas disso!

O medo é uma resposta não racional basicamente causada por desconhecimento e a sensação de falta de controle. Temos medo daquilo que não conhecemos e/ou não controlamos. Alguns medos são tão intensos que se tornam fobias. E algumas fobias têm alvos muito específicos, tão específicos que são chamadas de fobias específicas (simples, não?). Medo de sangue, de agulhas, altura, aranhas etc... São todas fobias específicas.

Pois recentemente descobriu-se que uma terapia de apenas duas horas era capaz de curar uma pessoa com fobia de aranhas. E a arma? Informação!

Olhem bem, os candidatos (12 no total) tinham fobia patológica de aranhas. O que significa que seu medo atrapalhava suas vidas. Como disse a pesquisadora que conduziu a pesquisa “Antes do tratamento, alguns dos participantes não andavam sobre a grama por conta do medo de aranhas, ou ficavam fora de sua casa ou quarto por dias se acreditassem que uma aranha pudesse estar escondida”. Algumas pessoas tinham tanto medo que não conseguiam nem olhar para fotos de aranhas.

Antes da terapia os participantes tinham suas atividades cerebrais verificadas durante uma sequência de fotos de aranhas. A atividade cerebral demonstrava grande ativação de áreas do cérebro ligadas ao medo. Além disso, era apresentado ao participante um terrário fechado, onde se encontrava uma tarântula e era pedido que eles se aproximassem do terrário. Os participantes não conseguiam se aproximar mais do que 3 metros!

Na terapia, os participantes recebiam informações sobre a vida das tarântulas e suas características. Nas palavras da pesquisadora “Eu os ensinei que a tarântula é frágil e está mais interessada em se esconder”. Em seguida era feito novamente o teste do terrário, só que dessa vez os participantes eram convidados a se aproximar gradualmente do terrário. E enfim, a tocar a tarântula! Primeiro com um pincel, depois com luvas e enfim com as mãos nuas! Tudo isso em duas horas!

Após a terapia, novas fotos eram mostradas aos participantes, e dessa vez, a atividade das regiões envolvidas com o medo diminuiu. Houve uma reconexão cerebral.

O que mais me encanta nesse trabalho é a demonstração do poder que a informação tem. A informação é capaz de alterar a configuração dos nossos cérebros. Pensar e conhecer muda a nós mesmos e ao mundo.

Por exemplo, antigamente acreditava-se que ter um grande cérebro era sinal de maior inteligência. Baseadas nessa crença várias injustiças foram “justificadas”, como a superioridade de uma “raça” em relação à outra, ou o impedimento do voto das mulheres (por terem uma cabeça menor, imagine!). O desconhecimento, ou o falso conhecimento, abre caminho para atrocidades, intolerância, manipulação entre outros... Um dos papéis fundamentais da ciência é desmistificar essas falsas percepções, tentando ao máximo explicar e demonstrar aquilo que é realmente a realidade (ou que se aproxima ao máximo dela).

Informação nunca é demais! Mesmo que aquele assunto específico não vá ser “aplicável” à sua vida, o simples fato de você conhecê-lo forma novas conexões cerebrais, que estão continuamente melhorando seu raciocínio e percepção.


"Eu não estou usando cueca"
OK, em alguns casos existe informação demais...


Informe-se, conheça o mundo ao seu redor, isso fará de você uma pessoa melhor, mais preparada e menos manipulável aos interesses alheios.

Eu tô tentando ajudar!

Por Luiza Montenegro Mendonça.
Cartoons retirado daqui e daqui.

sábado, 12 de maio de 2012

Computadores: invertendo as coisas com Biotecnologia



Pesquisadores da Universidade de Leeds, no Reino Unido, podem ter descoberto o caminho para possibilitar a construção de computadores no futuro.
ResearchBlogging.org
Atualmente todos os componentes eletrônicos de um computador são feitos em sistema top-down, ou seja, “pedaços” maiores de material (geralmente metais condutores ou cristais semicondutores) são cortados, moldados e manipulados até se conseguir os circuitos, que hoje em dia se encontram na escala de micro, ou seja, um milhão de vezes menor que o metro. Só que a tecnologia utilizada nesse tipo de processo um dia chegará numa fase de estagnação, pois circuitos em escalas menores (como o nano, um bilhão de vezes menor que o metro) não são possíveis de se produzir em sistema top-down. Segundo a pesquisadora que conduziu os estudos, “estamos rapidamente alcançando os limites da manufaturação eletrônica tradicional conforme os componentes de computador ficam menores. As máquinas que tradicionalmente usamos para fabricá-los são desajeitadas em escalas tão pequenas. A natureza nos dá a ferramenta perfeita para contornar esse problema”.

E qual é essa ferramenta? O método utilizado nesse caso foi a utilização de cristais de magnetita produzidos de maneira análoga ao que ocorre dentro de uma bactéria magnetotática. Seria uma espécie de sistema bottom-up onde o cristal literalmente “cresceria” ou se “formaria” onde você quisesse que ele se formasse, o que pode ser utilizado para uma infinidade de coisas, inclusive construção de componentes eletrônicos
Bactérias magnetotáticas são microorganismos aquáticos geralmente anaeróbios que utilizam um sistema magnético para sua localização espacial. Não chega a ser um GPS, elas apenas utilizam cristais de magnetita (um cristal composto de Ferro e Oxigênio) que são naturalmente magnéticos para se alinharem ao campo magnético terrestre e assim se localizarem nos pontos onde a concentração de oxigênio e nutrientes às agrada. E elas literalmente produzem esses cristais, fazendo eles crescerem dentro delas, com a ajuda de uma maquinaria enzimática própria.

O que os pesquisadores fizeram foi utilizar essa mesma maquinaria para fazer crescer magnetita onde eles quisessem (no caso, eles produziram um padrão quadriculado). Eles imobilizaram a enzima que “produzia” os cristais numa superfície produzindo esse padrão quadriculado e depois adicionaram uma solução onde havia Ferro e Oxigênio, e a enzima fez todo o trabalho duro.

O resultado final é esse da figura do artigo. Em cima dá pra ver bem o padrão formado e em baixo é um zoom dos cristais formados.



Além disso, o mesmo grupo está desenvolvendo métodos de fabricação de nanotúbulos contendo metais inseridos (como Ouro e Cobre), o que poderia ser utilizado como um nanofio para conduzir energia elétrica. Da mesma maneira como acima, seria um sistema bottom-up utilizando enzimas, ou seja, é um processo biotecnológico.

Abaixo dá pra ver bem o nanotubo formado, os pontinhos mais escuros são os metais (na figura a são Cádmio, e Zinco e na figura b é Ouro).




Graças à biotecnologia, seu computador não vai mais ficar obsoleto! Tá pronto pra comprar seu iBio?

Por Luiza Montenegro Mendonça.
Todas as figuras foram retiradas dos artigos abaixo ou da página da Universidade de Leeds.



Galloway, J., Bramble, J., Rawlings, A., Burnell, G., Evans, S., & Staniland, S. (2012). Biotemplated Magnetic Nanoparticle Arrays Small, 8 (2), 204-208 DOI: 10.1002/smll.201101627


Tanaka, M., Critchley, K., Matsunaga, T., Evans, S., & Staniland, S. (2012). Fabrication of Lipid Tubules with Embedded Quantum Dots by Membrane Tubulation Protein Small DOI: 10.1002/smll.201102446

domingo, 6 de maio de 2012

Reaquecendo os motores


Pois é, me sinto uma empresa no Brasil. Quase caí na estatística... Assim como empresas, a maior parte dos blogs acabam sendo abandonados em pouco tempo de vida...

Mas eu disse quase...

Poderia ficar aqui me explicando longamente sobre os motivos que me distanciaram do blog, mas cairia numa coleção de clichês: falta de tempo, desânimo, muito trabalho, blá, blá, blá... A única coisa que realmente posso dizer de fato é, tentarei atualizar o blog com muito mais frequência, mesmo que isso envolva posts mais curtos. Se for o caso, se houver muito "ibope", depois posso voltar ao assunto e aprofundá-lo.

Não vou me explicar porque me afastei, como disse antes, mas vou falar o que de fato me fez voltar a me preocupar mais com o blog...

Egoísmo, puro e simples!

Acabo de fazer uma disciplina (sou aluna de doutorado, como disse antes), onde eram discutidos tópicos recentes de virologia, em vários aspectos. E foi incrível, a cada aula, me vinha algum tópico que eu tinha colocado aqui no blog, ou que tinha lido e pesquisado com esse intuito (embora o assunto não tenha chegado a virar um post). E as aulas ficaram muito mais interessantes, pois outros alunos entravam na discussão e enriqueciam a disciplina.

Uma aluna chegou a comentar isso comigo (levando meu ego às alturas, naturalmente). Ela disse que não sabia se iria querer fazer doutorado (ela era aluna de mestrado) pois não se sentia preparada ainda pra isso, pois na cabeça dela, doutorandos tinham que ter um conhecimento muito vasto, e ela se espantava com o fato de que a cada aula eu sempre tinha algo novo e interessante a acrescentar, e como admirava isso.

Fiquei me achando o máximo. Mas mais que isso, eu sabia como o processo de pesquisa do blog estavam relacionados com isso, com estar sempre atualizada com os tópicos mais recentes da ciência. E tive que concluir, o blog me tornava uma pessoa, uma cientista, melhor.

Eu ainda quero contribuir com a divulgação da ciência para todos (mesmo aqueles que não fazem ciência diariamente), continuo admirando o trabalho daqueles que conseguem fazer isso com maestria, mas eu tive uma prova concreta de como esse processo contribui DIRETAMENTE com a minha formação, e nunca achei que seria uma prova tão direta assim (achava que seria um benefício a longo prazo, uma melhora mais sutil, enfim). E isso só serviu pra confirmar como eu estava sendo boba quando dava uma prioridade menor ao blog.

Enfim, é isso.

Esperem (e cobrem) por postagens mais frequentes!

Por Luiza Montenegro Mendonça.
Figura retirada daqui.


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