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sábado, 28 de junho de 2014

Seu cérebro é um processador, não um HD! A melhor dica de produtividade que insistimos em ignorar.

Hoje vou falar de um tema um pouco diferente pro blog, mas é algo que já venho lendo há um bom tempo e achei que valia a pena abordar por aqui: Produtividade.

Todos nós queremos ser produtivos e conquistar nossas metas, e existem diversas estratégias pra isso. No geral, nenhuma estratégia funcionará pra todos, mas existem aquelas que não funcionam pra ninguém (e geralmente é aquela mais usada!). Além disso, a maior parte de textos e dicas sobre produtividade vem de um contexto muito corporativo, que não necessariamente se adapta a um contexto acadêmico. Então, olha só que sorte, pra você que tá trabalhando (porque pra mim é trabalho!) na sua iniciação científica, no seu mestrado ou doutorado, eu já separei as dicas que melhor se encaixam nessa situação! De mão beijada! Mais fácil impossível! E vou complementar com algumas dicas que eu vi que funcionam de fato (pra mim, pelo menos).

Então vamos lá.

Definindo o que é produtividade: produtividade está relacionada com resultado. E, em muitos casos, mas principalmente na área científica, mais trabalho não é igual a mais resultado. Por exemplo, se você trabalha passando notas escritas à mão para o computador, seu resultado são as cópias digitalizadas das notas, e quanto mais tempo você trabalhar mais notas você terá ao final. Agora, se você trabalha num laboratório, seus resultados são os resultados dos experimentos, e os dados que você consegue concluir deles. No entanto, quanto mais experimentos você faz, não necessariamente mais dados terá. O experimento pode ter sido lindamente desenhado, e mesmo assim dar resultados inconclusivos (quem nunca?). Isso não é culpa de um trabalho mal feito ou de incompetência do cientista (embora também possa ser).

Na ciência é assim, você nunca sabe se algo irá funcionar antes de testar. E mesmo quando não funciona, você teve trabalho pra testar aquilo. Então aqui está a diferença principal: mais trabalho não é diretamente proporcional a mais resultados na ciência. Infelizmente (ou felizmente) essa é uma característica imutável da ciência, e não adianta tentarmos melhorar a produtividade por aqui (seria um perigoso jogo de adivinhação que eu espero que ninguém jamais se proponha a fazer). Note que eu disse que não é diretamente proporcional, mas não podemos negar que, para termos resultados precisamos fazer experimentos (a não ser que você seja uma fraude que fabrica dados no laboratório). De certa maneira, se formos aprendendo com os experimentos que não funcionam e fizermos experimentos de maneira racional, eventualmente teremos mais resultados (embora eles não irão correlacionar diretamente com o trabalho que você teve).

Então aqui já dá pra concluir uma coisa: aumentar a produtividade não é trabalhar mais, é trabalhar melhor.

E aqui sim, temos muito espaço para melhoras!

Então vou dar a dica mais simples, fácil e mais eficaz para aumentar sua produtividade no laboratório (e fora dele também).

NÃO CONFIE NA SUA CABEÇA!

Pense no seu cérebro como um processador, não um HD! Ele serve pra racionar, não pra armazenar dados. Sua cabeça (a não ser que você seja um Sheldon da vida) não é boa pra guardar dados! Ela só consegue guardar os dados usados com mais frequência, e mesmo assim, só enquanto você os usa (eu não consigo lembrar o meu primeiro número de celular, por exemplo, mas naquela época, sabia de cor). E a gente cisma que vai conseguir guardar as coisas nela, só pra se desesperar quando não consegue lembrar depois. É normal esquecer, não fique se culpando por isso, seu cérebro simplesmente não funciona pra essas coisas, é um fato neurocientífico! Sabendo disso, tome as providências necessárias para isso parar de ocorrer e pare de se culpar.

Não, não é desse cérebro que eu estou falando!
Qual a solução? Armazene as coisas em dispositivos feitos para armazenar dados! Simples assim. No papel, no computador, onde você quiser, desde que possa acessar isso com facilidade depois.

No laboratório isso é crucial! Todo experimento deve ser descrito minuciosamente. Perder dados ou não se lembrar de detalhes é ter trabalhado à toa! É o total oposto da produtividade! Por isso, eu não posso estressar o suficiente! Escreva tudo, escreva até aquilo que você acha idiota e que com certeza vai se lembrar depois. Eu sei que ficamos tentados a escrever apenas o essencial (afinal a gente escreve muito e acaba dando preguiça, eu sei), mas resista! Seu futuro você vai te agradecer depois (seu orientador também heheheh).

Ok, e quando a gente tem que escrever coisas repetidas várias vezes? Tipo, um protocolo de PCR que você faz toda a semana? Ou as condições de uma transfecção? Reescrever algo que você já tem pode ser considerada uma tarefa de baixíssima produtividade (afinal é trabalho duplicado). Bom, você pode tentar fazer uma referência na sua nova nota, sobre a nota antiga onde vc seguiu todos os passos igualzinhos. Mas, 1) Isso só vale se for tudo igualzinho mesmo e 2) Isso só vale se essa nota for de fácil acesso mais tarde.

E aí vem um problema que, ao menos pra mim, faz perder muito tempo (e produtividade). Encontrar dados já armazenados.

Eu sempre tive muitas dúvidas sobre como documentar meu trabalho no laboratório. Eu já pensei em separar por projeto, mas aí, com vários projetos acontecendo ao mesmo tempo, ficava uma bagunça só. Já tentei fazer um caderno de rascunho, que eu levava pra bancada e escrevia em “real-time” e de qualquer jeito e depois passar a limpo num caderno mais organizado e limpinho. Mas vamos combinar, trabalho demais, preguiça, também não funcionava. Até que eu fiquei no mais simples. Escrever de forma cronológica, um dia por vez, tudo o que fiz no dia. Esse pra mim foi o que melhor funcionou, porque era simples e intuitivo, mas ainda tem uma grande falha. É muito difícil rastrear todos os detalhes do seu experimento, porque eles estão dispersos em vários dias e misturados com outros projetos. E a cada vez que a orientadora chamava pra discutir os dados era a mesma coisa, muito tempo perdido tentando “juntar" todos os pedacinhos dos experimentos que estavam espalhado em várias e várias páginas (enquanto isso você fica se sentindo uma idiota retardada). Isso me irritava, mas eu não sabia como resolver, e assim fiquei por mais de 7 anos.

Até o dia que tudo mudou, minha foi revolucionada (exagero? tô falando sério!). Notei que um dos meus colegas no laboratório aqui no Caltech vivia com o Evernote aberto. Se você não conhece o Evernote, ele é a síntese do arquive tudo, não memorize nada. É grátis, superfácil de usar, sincroniza com todos os seus aparelhos (computadores, celulares, tablets) e ainda oferece acesso online (caso vc esteja no computador do seu amigo, por exemplo). Eu adoro, já usava antes, mas nunca havia pensado em usá-lo no laboratório (idiota? concordo!).

Bom, perguntei pro meu amigo como ele usava o Evernote para organizar as notas do laboratório, e advinha a resposta? Simples, um caderno só pro lab, uma nota, um dia. Exatamente o que vinha fazendo há 7 anos, só que de uma maneira digital. A grande vantagem? Uma palavra, searchability (acho que essa palavra nem existe formalmente em inglês, quem dirá em português, mas seria algo como pesquisabilidade). Acabaram-se as horas procurando todos os detalhes de um experimento, basta usar a pesquisa do evernote (que diga-se de passagem, é ótima e intuitiva). Eu já tinha o hábito de dar códigos pro meus experimentos, tipo GM3 (Gradiente de Molt 3), mas mesmo que você não tenha esse hábito, já é muito mais fácil que procurar na mão. Além disso, você pode linkar notas, então por exemplo, se eu fiz uma transfecção no dia 10 de Junho, usando o DNA preparado no dia 10 de Maio eu copio o link da nota de 20 de Maio na nota do dia 10 de Junho, assim, se eu preciso rastrear os detalhes, fica muito mais fácil. Eu também posso fazer isso com protocolos que eu uso frequentemente, escrevo só uma vez, e linko todas as outras! Adeus trabalho dobrado!
Clica que aumenta!


O Evernote traz ainda mais vantagens! Eu tiro fotos dos meus experimentos e posso adicionar na nota. Se o seu experimento tem como resultado planilhas de excel, ou gráficos, é só anexar na nota! Quem compartilhar com o chefe? Também dá. Enfim, juro que não recebo um tostão do evernote (quem dera) mas ele é perfeito pra anotações de laboratório, e eu recomendo muito que você o teste (pro laboratório ou não).

Minha vida de laboratório é muito mais simples agora, eu perco geralmente menos de 5 minutos por dia escrevendo no meu caderno de laboratório, e tenho meus resultados sempre à mão em menos de 10 segundos! Nunca mais fiquei com preguiça de escrever meus experimentos, nunca mais perdi detalhes de experimentos, nem nunca mais fiz trabalho dobrado. Se isso não é um grande ganho de produtividade, eu não sei o que é!

Concluindo, ser mais produtivo não significa trabalhar mais, e sim melhor. Não confie no seu cérebro, ele não foi feito pra guardar informações, e se você insistir em fazer isso, só vai se decepcionar. Quanto mais rápido você compreender isso, melhor.

Essas dicas, apesar de voltadas a quem trabalha em laboratório não são exclusivas para esse público e mesmo que você não exatamente no mesmo contexto, pode aproveitar muito do que está escrito aqui (assim como eu li muitas coisas voltadas para quem trabalha em escritório e adaptei aqui).

Espero que vocês tenham gostado desse post mais diferentão. Por favor me dêem seu feedback caso vocês tenham vontade de ver mais posts dessa natureza por aqui. Eu não sou a pessoa mais produtiva do mundo, mas aprendi muitas dicas que podem melhorar esse aspecto, e posso falar mais aqui se vocês acharem interessante!


E me contem suas dicas pessoais de produtividade também! Eu adoraria saber o que funciona pra você!

sábado, 7 de junho de 2014

Cinco perguntas aleatórias pra um prêmio Nobel - Entrevista com David Baltimore

Como alguns de vocês sabem, atualmente sou Pesquisadora Estudante Visitante no Instituto de Tecnologia da Califórnia (AKA Caltech) nos Estados Unidos. Estando aqui, não podia perder a oportunidade de entrevistar um dos maiores nomes da Biologia que fica literalmente no prédio ao lado, e compartilhar com vocês aqui as suas opiniões.

Sim, entrevistei nada mais nada menos que David Baltimore, prêmio Nobel de Fisiologia de 1975, junto com Howard Temin e Renato Dulbecco, pela descoberta da enzima Transcriptase Reversa, uma enzima que apenas destruiu o chamado Dogma Central da Biologia. Coisa pouca, e tudo isso com apenas um experimento (quantos experimentos eu já fiz na minha vida???).

Dogma Central da Biologia antes e depois de David Baltimore

David Baltimore não parou no Nobel. Ele continuou colecionando descobertas e feitos, como NFkappaB (um fator de transcrição super importante em células do sistema imune), foi o primeiro a clonar o genoma do vírus da pólio (junto com Vincent Racaniello), criou o sistema de classificação de vírus mais usado até hoje (as classes de Baltimore), participou do comitê que criou as regras para uso de DNA recombinante, e hoje é pioneiro no uso de terapia gênica para tratamento do câncer e HIV. Além de descobertas, Dr. Baltimore também coleciona no currículo instituições de renome como MIT, Caltech (presidente emérito), Rockfeller (presidente emérito), Whitehead Institute, entre outras.

Eu queria fazer algo curto e tentar me focar em 5 questões interessantes (que não se sobrepusessem a outras mil entrevistas que ele já deu). Não foi fácil (coloca "Baltimore interview” no Google pra você ver!), e no final eu fiquei com 5 perguntas superinteressantes, mas meio desconexas. Então acho que podemos chamar essa entrevista de 5 questões aleatórias para David Baltimore!

Abaixo vc pode ver o transcrito da entrevista (meu sistema de gravação falhou bem na hora da entrevista, que legal! #pagandomicoprobaltimore, então fizemos uma entrevista oldschool).

Entrevista em Português:

Eu: Você, Temin e Dulbecco receberam um prêmio Nobel pela a descrição da transcriptase reversa, uma enzima tão incomum que quebrou o antigo dogma central da biologia. Como você se sentiu, no momento, quando você percebeu que você estava testemunhando algo que era contrário a uma noção tão forte na ciência, que era chamado de dogma? Você duvidou de si mesmo? Você teve que reunir coragem ou algo parecido?

Baltimore: Não, eu não tive. Foi bioquímica simples. Eu tinha um molde, que nesse caso era RNA e não DNA, e verificava a incorporação de nucleotídeos e polimerização in vitro, por isso não havia espaço para erros e eu estava muito confiante de que os resultados estavam corretos. Eu estava trabalhando em bioquímica há 10 anos e como isso foi publicado em simultâneo com o laboratório de Temin não havia muito espaço para discussão, foi um experimento fácil e simples, então, em resumo, foi um prêmio nobel em 1 experimento.

Eu: Você fez parte da conferência de Asilomar que definiram as diretrizes para uso seguro do DNA recombinante, que são usadas até hoje para a fabricação de todos os produtos biofarmacêuticos mais avançados. Qual você acha que é a próxima fronteira na biomedicina? E por quê?

Baltimore: Eu não vejo uma barreira tão alta quanto havia na época com o DNA recombinante, e no momento podíamos ver o caminho à frente e acho que ainda podemos vê-lo. Algumas pessoas diriam que o próximo passo na biomedicina é a biologia sintética. Utilizar a biologia sintética para modificar o comportamento celular. Sabemos muito de biologia celular e estamos aprendendo ainda mais. Eu acho que se assemelha muito à química há algum tempo atrás. No passado, a química era uma caixa preta e o desenvolvimento desta ciência e a aprendizagem das interacções levou ao desenvolvimento de novos e melhores produtos químicos. E agora sabemos muito sobre a biologia por trás do comportamento celular, aprendemos muito e agora podemos incorporar esse conhecimento em uma abordagem médica.

Eu: Você tem uma extensa lista de publicações. Na sua opinião, qual é o melhor trabalho / artigo que publicou?

Baltimore: Bom, tem que ser o da transcriptase reversa, é o artigo com maior impacto e foi o ápice de 10 anos de esforço de trabalho em bioquímica e virologia. E foi um trabalho muito simples.

Eu: Normalmente, o maior impacto vem dos trabalhos mais simples.

Baltimore: Mas nem sempre. Eu olho para a lista de prêmios Nobel, ano após ano, e o número de pessoas que receberam o prêmio por um experimento simples e direto é realmente muito pequeno. Quase todos eles são o resultado de um compromisso de vida. O vencedor do ano passado, Randy Schekman, vem trabalhando há 20 anos em abordagens ao tráfico de membrana, tanto ele quanto os outros destinatários, (James E. Rothman, e Thomas C. Südhof), um trabalhando in vitro, o outro geneticamente, de modo não foi o resultado de um experimento.

Eu: O seu ex-aluno, Vincent Racaniello, é o maior porta-voz em divulgação de ciência no mundo. Quais são seus pensamentos sobre a divulgação e popularização da ciência?

Baltimore: Ele é certamente o mais importante em virologia. Seu blog recebe muitos acessos todos os dias. Minha esposa é uma, ela é virologista também. Eu acho que a popularização da ciência é extremamente importante, fornecer o acesso ao público em geral do progresso que está sendo feito na ciência, e por muitas razões. Primeiro porque eles pagam por isso, mas também porque, se você quiser um apoio continuado, tanto financeiramente, mas também na política, você precisa popularização da ciência.
Há um monte de gente boa fazendo divulgação da ciência e eu acho que um dos maiores avanços no campo tem sido um programa de TV chamado "Your Inner Fish". É um show de três horas dividido em três partes, onde você pode ver como os seres humanos evoluíram e os reflexos da evolução em nossos corpos, então a primeira parte mostra um peixe que se aventurou na terra, e as outras partes são chamadas de seu réptil interior e seu macaco interior.
É muito bem feito, incrível. E Neil Shubin é a própria imagem do cientista.
A segunda é Cosmos, de Carl Sagan, e ele foi atualizado recentemente por Neil deGrasse Tysson. Há também os livros de Sean Caroll. Então, em resumo, há um monte de gente fazendo popularização da ciência e eles fazem isso muito bem e de forma consciente.

Me: Não há como negar que você tem uma carreira muito bem sucedida. Que conselho você daria a alguém que quer seguir seus passos?

Baltimore: Estou muito orgulhoso e feliz com a minha carreira. Mas eu nunca tive um objetivo específico em mente, eu sempre senti uma forte afinidade com as perguntas e materiais da biologia e minha maior força motriz é a alegria da descoberta. Isso é verdade desde que eu fui a um programa de verão do ensino médio e descobri que eu poderia fazer experimentos originais na biologia, e este é o impulso que tem vindo a impulsionar a minha carreira desde então.


Entrevista original em inglês:

Me: You, Temin and Dulbecco received a Nobel prize for the description of the reverse transcriptase, an enzyme so unusual that broke the former central dogma of biology. How did you felt, at the time, when you realized that you were witnessing something that was contrary to such a strong notion in science that was actually called dogma? Did you doubt yourself? Did you had to gather courage or something like that?

Baltimore: No, I didn't. It was straightforward biochemistry. I had the template, that in that case was RNA and not DNA, and I would check the nucleotide incorporation and polymerization in vitro, so there were no mistakes and I was very confident the results were correct. I had been working in biochemistry for 10 years and as it got published simultaneously with Temin’s lab there were not much space for discussion, it was an easy and simple experiment, so in summary it was a nobel prize over 1 experiment.

Me: You were part of the Asilomar conference that tailored the guidelines of the safely use of recombinant DNA, that is used until today for the manufacture of all the most advanced biotechnological pharmaceuticals. What do think is the next frontier in biomedicine? And why?

Baltimore: I don’t see a barrier as high as there was at the time for recombinant DNA, and at the time we could see the path ahead and I think we can still see it. Some people would say that the next step in biomedicine is synthetic biology. To use synthetic biology to modify cell behavior. We know much of cell biology and we are learning even more. I think it resembles a lot chemistry some time ago. In the past chemistry was a blackbox and the developing of this science and the learning of the interactions led to the development of new and better chemicals. And now we know a lot of the biology behind cell behavior, we learnt a lot and now we can incorporate this knowledge into a medical approach.

Me: You have a very extensive publication record. In your opinion, what is the best work/paper you published?

Baltimore: Well, it has to be the Reverse Transcriptase one, its the one with the greatest impact and was the culmination of 10 years of effort of work in biochemistry and virology. And it was a very straightforward paper.

Me: Usually the biggest impact comes from simple straightforward work.

Baltimore: But not always. I look at the list of nobel prizes year after year and the number of recipients that received the prize over a  straighfoward experiment is actually very small. Almost all of them is the result of a lifetime commitment. So the last year winner Randy Schekman, he’s been working for 20 years in approaches to membrane trafficking, both he and the other recipients, (James E. Rothman, and Thomas C. Südhof), one working in vitro, the other genetically, so it wasn’t the result of 1 experiment.

Me: Your former student, Vincent Racaniello, is the greatest spokesman of science divulgation in the world. What are your thoughts about science divulgation and popularization?

Baltimore: He’s certainly the most important in virology. His blog receives lots of access every day. My wife accesses it, she’s a virologist as well. I think science popularization is extremely important, to provide the general public access to the progress being done in science for many reasons. First because they pay for it, but also because, if you want continued support, both financially but also in politics you need science popularization.
There’s a lot of good people doing science divulgation and I think one of the greatest advances in the field has been a public tv show called Your Inner Fish. Is a 3 hour show divided in three parts where you can see how the humans have evolved and the reflections of the evolution on our bodies, so the first part shows a fish that ventured on the ground, and the other parts are called your inner reptile and your inner monkey.
It’s beautifully done, amazing. And Neil Shubin is the very image of the scientist.
The second one is Cosmos, by Carl Sagan, and it’s been updated recently by Neil de Grasse Tysson. There’s also the books by Sean Caroll. So in summary, there’s a lot of people doing  science popularization and they do it very well and consciously.

Me: There is no denying that you have a very successful career. What advice would you give to anyone that wants to follow your footsteps?


Baltimore: I’m very proud and happy with my career. But I never had a particular aim in mind, i just always felt a strong affinity with the questions and materials of biology and the biggest driving force was the joy of discovery. That was true ever since I went to a high school summer program and found out that I could do original experiments in biology, and this is the impetus that has been driving my career since then.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Como tudo começou


Achei que seria interessante contar como decidi começar esse blog.

Durante meu doutorado uma das disciplinas que eu cursei se chamava Divulgação Científica. O motivo pelo qual decidi cursar essa disciplina era nobre e ao mesmo tempo egoísta e mesquinho. Nobre porque realmente queria aprender mais sobre divulgação e popularização da ciência. Mas mesquinho porque era uma disciplina de 90 horas de carga horária, sem provas. Ou seja, quase 1/3 da carga horária do doutorado, praticamente sem esforço (eu achava)! Ora, é juntar a fome com a vontade comer!

Na primeira aula, o professor, Stevens Rehen (você já deve ter ouvido falar nele, senão, dá um Google, que o cara é realmente bom!), perguntou a cada aluno porque tínhamos decidido fazer aquela disciplina. Todos deram respostas românticas (inclusive eu), e meu colega, Sandro, virou pra trás num ponto e cochichou "ninguém vai mencionar as 90 horas não?”.

Mas enfim, a disciplina foi muito boa de fato. O professor era bem “relacionado”, digamos assim, e conseguiu com que vários grandes nomes dessem palestras pra nós, como Suzana Herculano-Houzel (A neurocientista de plantão - http://www.suzanaherculanohouzel.com/ e O cérebro nosso de cada dia - http://www.cerebronosso.bio.br/), Roberto Lent (O cara que escreveu o livro mais usado de neurociência no Brasil, fundador da Revista Ciência Hoje e fundador da editora Vieira e Lent, que publica diversos textos com temas relacionado à Ciência), Mauro Rebelo (Você que é biólogo - http://scienceblogs.com.br/vqeb/),  Franklin Rumjanek (colaborador e colunista da revista Ciência Hoje) e outros. Cada um deles nos enchia com um pouquinho mais de motivação e propósito, e a idéia de contribuir com divulgação ia a cada aula tomando mais forma na minha cabeça.

Mas o que realmente me fez decidir começar um blog foi um dos “trabalhos de casa” da disciplina. A cada semana tínhamos que produzir uma peça de divulgação científica (um post de blog, um vídeo, um podcast etc, era uma trabalheira danada, muito mais difícil que estudar pra prova!). E naquela semana eu estaria no Congresso Brasileiro de Virologia. Um dos palestrantes convidados era apenas o maior virologista envolvido em divulgação científica no mundo. Pensei: Seria uma boa fazer um podcast com esse cara! Mandei um email despretensioso pedindo uma breve entrevista e expliquei que estava cursando uma disciplina de divulgação científica. Não esperava nenhuma resposta (afinal, quão ocupado esse cara deve ser?). Mas nem 6 horas depois ele me respondeu! E aceitou!

O virologista era Vincent Racaniello, professor da Universidade de Colúmbia, nos Estados Unidos, pesquisador, ex-aluno do prêmio Nobel David Baltimore, e autor dos podcasts, This Week in Virology (TWIV - http://www.twiv.tv/), This Week in Microbiology (TWIM - http://www.microbeworld.org/podcasts/this-week-in-microbiology) e This Week in Parasitism (TWIP - http://www.microbeworld.org/podcasts/this-week-in-parasitism) e autor do Virology blog (http://www.virology.ws/). Coisa pouca, né?

A entrevista foi super tranquila, ele foi super legal (ele me emprestou o super sofisticado sistema de gravação portátil dele!), e depois da entrevista, fomos almoçar. Conversamos sobre diversos temas, inclusive como fazer aulas em formato online, eu sugeri algo como o khanacademy, que é de matemática, mas com virologia, e hoje Racaniello tem um curso inteiro de virologia online, no Coursera (é claro que não deve ter sido devido a minha sugestão, mas eu gosto de fantasiar que foi!). Durante o almoço ele disse: Divulgação Científica não é pra todo mundo, mas se você acha que pode ser pra você, você deveria investir nisso!

Pronto! Era o empurrão final pra iniciar o blog! Que agora é esse aqui.

A entrevista foi publicada no blog da Revista BioICB, o blog do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ, onde todos os "trabalhos de casa" da disciplina eram publicados. Racaniello também fez um post no seu blog sobre a nossa entrevista (aqui, com direito a uma foto trevas de mim para seu divertimento).

O podcast pode ser ouvido no link abaixo, tanto o original em inglês quanto o traduzido pro português. Lembrando que esse material foi primeiramente publicado na Revista BioICB.

http://www.icb.ufrj.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=602&sid=427

E aí gostaram? Querem mais entrevistas em formato de podcast no blog?

PS: O próximo post também será uma entrevista. Com um prêmio Nobel! Não deixe de conferir!

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Quem tem AIDS?

O Brasil é um país diferente no que se refere às siglas "virológicas", nós falamos português, mas usamos todas as siglas que se referem a vírus em inglês, ao contrário da maior parte do mundo. Na América Latina inteira o HIV é chamado de VIH, "virus de la inmunodeficiencia humana". Na França (onde, aliás, o vírus foi primeiramente identificado) é VIH, “le virus de l'immunodéficience humaine”. Em Portugal se usa, adivinhem só, VIH e não HIV. O Brasil deve ser o único país não falante de inglês onde a sigla oficial é HIV, mas ao invés da gente falar “Human Immunodeficiency Virus”, a gente diz “Vírus da Imunodeficiência Humana”, que daria VIH também! Enfim, é uma anomalia, não que isso me incomode (iria ser superestranho se de repente, todo mundo passasse a usar VIH em vez de HIV), mas é curioso, concorda?

O mesmo vale pra sigla AIDS. Ninguém (ou quase ninguém) no Brasil usa SIDA (embora a América Latina toda, França e Portugal usem). AIDS é “Adquired Imunodeficiency Sindrome”, mas a gente fala “Síndrome da Imunodeficiência Adquirida”, e na hora de abreviar, AIDS.

E quem tem AIDS?

Muita gente acha que quem é portador do HIV, tem AIDS, mas nem sempre é assim. Na verdade a AIDS é a fase mais avançada da infecção pelo HIV, que em média ocorre só após 10 anos da infecção inicial (ou seja, depois que a pessoa “pegou” HIV). Nessa fase, o vírus, depois de anos se replicando na surdina, enquanto o sistema imune ia progressivamente e lentamente sendo “consumido”, aparece com força total, e o sistema imune não consegue mais dar conta dele. É nessa fase que surge a imunodeficiência em si, e com ela as chamadas infecções oportunistas, causadas por microrganismos ou vírus que geralmente não são capazes de causar doença em alguém com um sistema imune saudável.

Quem chega nessa fase tem AIDS. Geralmente é nessa fase que se inicia tradicionalmente o tratamento antirretroviral, o chamado coquetel. E com o tratamento, o vírus é novamente controlado, o sistema imune se recupera, e o indivíduo sai da fase de AIDS. Ele deixa de ter AIDS, mas ainda é portador do HIV. Deu pra entender a diferença?

Só quem está ali naquele quadradinho vermelho tem AIDS.
CD4 é um tipo de célula do sistema imune, que é  alvo do HIV (essa curva supercoloridona). E a infecção em si pode ser medida de várias maneiras, as mais comuns são a viremia (presença de vírus no sangue) ou a detecção do genoma do vírus no sangue, que é o RNA. Clica que aumenta. 
Essa figura veio da minha monografia, por favor, se forem copiar me peçam antes que eu posso dar a referência direitinho!


Logo, nem todo portador de HIV tem (ou melhor, está em) AIDS.

O canal Porta dos Fundos lançou uma série (Viral) que trata justamente de um cara que descobre que tem HIV (e sabe que “pegou” HIV há três meses). Ele vai atrás das suas ex-peguetes pra avisá-las. Às vezes, Beto (o cara que descobre que tem HIV) diz “Eu tenho AIDS”, mas o certo seria “Eu tenho HIV”, já que ele é aparentemente saudável. No segundo episódio também se comenta que ele está em tratamento com o coquetel, o que é um protocolo bem novo de tratamento (como eu disse, o tradicional é o tratamento se iniciar só quando o indivíduo está em AIDS).



O canal é excelente, todo mundo conhece. O objetivo dele é fazer humor, não ser cientificamente correto. A série é ótima pra dar visibilidade e consciência ao tema HIV/AIDS (ou seria VIH/SIDA?), o que já é ótimo.

Mesmo assim, o pessoal do porta dos fundos se preocupou em explicar nesse vídeo aqui (minuto 13:09) a controvérsia entre HIV e AIDS, e eu achei super legal da parte deles (e eu gosto de imaginar que foi só por causa do email que eu mandei pra eles duas semanas antes - #egocêntrica).




Então agora você sabe: quase ninguém tem AIDS, e quem tem, pode voltar a não ter. E você também sabe que o H de HIV (ou VIH) significa “Humano”. Mas isso vai ser assunto de outro post!

terça-feira, 13 de maio de 2014

Eu voltei

Do mundo dos mortos, praticamente.

Um ano e meio desde o último post. Eu sei...
Mas eu voltei!

Yeah!
Muita coisa aconteceu, mas isso não é desculpa.
Então vamos voltar logo aos trabalhos e recuperar o tempo perdido!

PS: Esse GIF é o máximo!
PS2: Post novo daqui a 3 horas! Não deixe de conferir!

sábado, 15 de setembro de 2012

O futuro das universidades – Entrevista com Bruce Alberts, parte 2.




Sendo Bruce Alberts uma pessoa muito ligada à inovação na educação, havia uma pergunta, que eu já vinha remoendo há algum tempo, que eu não podia deixar passar.

Trata de uma preocupação/reflexão real minha. Qual será o papel da universidade em nossa sociedade no futuro? Sendo uma pessoa que passa quase metade do dia na universidade, não preciso dizer que tenho muito apreço por esses locais. No entanto, reconheço que ainda há muita coisa ultrapassada no sistema atual pelo qual a universidade funciona.

Tornei-me professora (temporária) há pouquíssimo tempo, mas por outro lado ainda sou estudante de doutorado. Por isso, acho que estou numa posição muito interessante (e estranha). Como diria um amigo meu, estou aos pouco indo pro lado escuro da força... Nessa posição bizarra, me preocupo em tentar não cometer aquelas coisas que pessoalmente, como aluna, sempre achei equivocadas. Uma dessas coisas é a freqüência exigida em sala de aula. Porque ela deveria ser exigida? Muitas pessoas justificam o fim da freqüência obrigatória com o argumento de que na universidade, as pessoas devem ser maduras o suficiente para cumprir a freqüência sem a necessidade do professor ficar de babá. Mas esse argumento, apesar de até verdadeiro, também me parece equivocado, e minha justificativa do fim da exigência da freqüência é bem diferente.

A freqüência é exigida pois pode ser um indicativo de que os alunos participaram da aula, ou seja, prestaram atenção e absorveram os conceitos passados. Pode, mas nem sempre é. Todos sabemos muito bem que há muitos alunos que estão presentes de corpo, mas não de espírito (por assim dizer) e estão na aula apenas esperando a chamada ser feita, pra não serem reprovados por falta. Não prestam atenção, não absorvem nada, e geralmente só atrapalham a aula.

A exigência da freqüência também reflete outra noção. A de que só é possível adquirir conhecimento na universidade, e que outras fontes não são confiáveis, ou de mesma qualidade. Essa impressão provavelmente é proveniente de uma época onde, de fato, a universidade era o maior e melhor repositório de conhecimento existente. Sendo assim, para receber um diploma era necessário não apenas passar nos exames, mas provar que de fato seu conhecimento provinha da melhor fonte possível.

Hoje a coisa mudou bastante. E tão rápido que provavelmente a universidade não teve tempo de acompanhar. Eu ainda me lembro quando a impressora arruinou o dever de casa favorito das professoras de português: procurar palavras específicas em cortes de jornal ou revistas. Bastava, escrever no Word, imprimir e pronto. Nada de perder tempo procurando! Se por um lado pra isso ainda era necessário que o aluno soubesse quais palavras imprimir, dispensava a o trabalho de leitura, que hoje anda mais deficiente que nunca.

Mas de qualquer maneira, com a internet, o conhecimento está em toda parte (o bom e o mau, como lembrou bem Bruce Alberts). E é relativamente possível aprender algo a contento, fora de uma sala de aula. Basta dedicação, disposição e paciência. Sim, muita paciência, porque, pelo menos pra mim, é muito mais difícil e demorado aprender algo sem um professor, e se eu tiver as duas opções, nunca hesitarei em escolher o método tradicional.

Sendo assim, faz sentido dispensar a freqüência em aula.

Mas aí vem o outro lado. Bom, se não será exigida freqüência, a universidade vai virar apenas um certificador? Fazendo provas para atestar que alguém detêm determinado conhecimento? É uma idéia um pouco triste pra mim, que vivo nela. E outro argumento, muito forte, que uma professora amiga minha me deu é: “Ora, se for pra não haver compromisso com a presença obrigatória, vira curso à distância! Os cursos tradicionais na universidade são presenciais, por isso é exigida a frequência.”

Pô, isso faz muito sentido. Mas o que expus anteriormente também...
E essa é só uma das minhas preocupações em relação à como a universidade irá se inserir no futuro.

Por isso, pedi uma luz ao Bruce Alberts, que tem uma idéia muito interessante de como a universidade pode evoluir e se adaptar a esse novo contexto. Vê aí no vídeo.



Eu acho que o importante mesmo pro ensino não é a freqüência, mas a interação (presencial ou não). Mas isso é fácil de falar, e difícil de fazer.

E, alunos, não fiquem achando que o fim da freqüência vai deixar a vida de vocês mais mole. Um reflexo natural e coerente disso são avaliações muito mais rigorosas. Afinal, se há freqüência, ao menos se espera que haja a absorção de alguns conceitos, e a avaliação se torna mais pra constar, do que pra avaliar. Por outro lado, pra garantir que o aluno aprendeu os conceitos de maneira alternativa (em outras fontes, sem que ele tenha freqüentado todas as aulas) a avaliação deve ser muito mais rígida. Afinal, o aluno pode ter aprendido errado com maior probabilidade (temos que considerar que a qualidade do ensino na universidade é considerada a melhor possível, um padrão ouro, por assim dizer). É uma troca, qual você preferiria?

A primeira parte da entrevista pode ser vista aqui.
Só pra saber, o cara que eu cito no vídeo, é Scott Young, e o blog dele é esse. Ele tá praticamente terminando o curso de Ciência da Computação do MIT (só faltam 3 disciplinas!), em um quarto do tempo e gastando muito menos (infelizmente, universidade de graça é muito raro no mundo, o Brasil é uma das poucas exceções). O blog é interessante, e tem muitas dicas de como aprender mais e melhor estudando por menos tempo (mas não necessariamente estudando menos, deu pra pegar a diferença?).
Por Luiza Montenegro Mendonça.

domingo, 26 de agosto de 2012

Entrevista com Bruce Alberts, AKA "O cara do The Cell"

Retrato do Dr. Bruce Alberts na Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos.  Joinha para a gravata!


No último mês, o Rio de Janeiro foi sede do décimo congresso internacional de Biologia Celular. E como não posso deixar passar a oportunidade de ir a um congresso internacional na mesma cidade onde eu moro, é claro que me inscrevi.

Uma das grandes atrações do congresso (que, aliás, estava recheada de grandes pesquisadores de renome da área) era o Dr. Bruce Alberts. Entre seus muitos predicados, Bruce Alberts foi presidente da Academia Nacional de Ciências dos EUA de 1993 a 2005 e hoje é um dos três enviados pessoais do presidente americano Barack Obama para divulgação da Ciência no mundo. Mas seu grande feito (que hoje praticamente o define) é a autoria do livro “Molecular Biology of the Cell”, mais conhecido como o “The Cell”. Esse livro, pra quem não conhece, deve ser o livro mais usado na área de Biologia Celular e Molecular. E praticamente qualquer pessoa que faça graduação/pós-graduação na área de Ciências Biológicas já estudou por ele. Resumindo, é quase uma Bíblia. O livro possui seis autores, e Bruce Alberts é o primeiro deles. Os outros são Alexander Johnson, Julian Lewis, Martin Raff, Keith Roberts, and Peter Walter. O prêmio Nobel James Watson (sim, aquele da dupla hélice de DNA), organizou e participou das primeiras 3 edições do livro, que hoje está em sua quinta edição.

Após a palestra dele, uma das mais lotadas do congresso, tive a idéia de pedir para ele uma entrevista, só por pedir, afinal, porque o cara do “The Cell” ia perder seu tempo com uma entrevista para uma aluna de doutorado colocar num blog? Mas não é que ele aceitou?

Bruce Alberts também recebeu o título de Doutor Honoris Causa da UFRJ, título que é apenas dado à personalidades de reconhecido saber ou pela atuação em benefício da Ciência, Filosofia, Artes, ou da melhor convivência entre os povos. Após a cerimônia, ele aproveitou para dar uma palestra no Centro de Ciência da Saúde (CCS), então, após a palestra, eu teria alguns minutinhos para fazer algumas perguntas. Na teoria, porque na prática...

A palestra seria dada no auditório do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF), que deve ter lugar para 50 pessoas. Mas uma hora antes da palestra já havia uma multidão do lado de fora do anfiteatro! Sendo assim, a palestra foi transferida para o chamado “Quinhentão”, o maior anfiteatro do CCS. Pensei comigo, agora melhorou, todos vão ficar confortáveis!

Mas o Quinhentão lotou! Havia pessoas sentadas no chão, de pé atrás e dos lados do anfiteatro! Isso porque a UFRJ estava no meio de uma greve! Desde calouros até professores titulares, todos querendo assistir à palestra do Dr. Bruce Alberts.

Começando pelo canto direito e seguindo em sentido horário: Professora Débora Foguel anunciando a nova titulação do Dr. Bruce Alberts, Prof. Wanderley Souza fazendo uma breve descrição do currículo de Bruce Alberts. O auditório lotado. Dr. Bruce Alberts no início de sua palestra.

Após a palestra, uma enorme e sempre crescente fila se formou. O motivo? Conseguir um autógrafo de Bruce no The Cell e tirar uma foto com ele. E o mais incrível: a simpatia com ele tratava cada um, sempre trocando uma ou outra palavrinha, sempre sorridente, sem nem se importar com o fato de que já estava há uma hora, só autografando livros e tirando fotos.

Após um coquetel de almoço e uma apresentação de resultados dos alunos do IBCCF, eu finalmente consegui um tempinho (que na verdade, até que foi um tempão!) pra bater um papo com ele. Gravei tudo, só que no total o vídeo ficou com 30 minutos, por isso resolvi ir soltando a entrevista aos poucos, que fica mais leve e o Youtube não reclama.

Então aí vai a primeira parte da entrevista. Eu tentei (eu juro) legendar a entrevista, mas vocês não fazem idéia do trabalho que dá! Por isso resolvi publicar assim mesmo. Se alguma boa alma com experiência e disposição quiser legendar é só entrar em contato comigo! Vai ser uma ajuda em tanto.

E, por favor, não reparem no meu inglês Joel Santana style, assistindo depois eu notei vários furos notórios, mas foi o efeito Bruce Alberts! Cara, eu tava conversando com o cara do “The Cell”! O mesmo cara pra quem as pessoas fizeram filas quilométricas estava ali do meu lado me dando uma entrevista exclusiva, não dá pra segurar o nervosismo!

O tema da entrevista foi mais voltado à educação da ciência, que hoje é o foco do trabalho do Dr. Bruce Alberts. Espero que vocês gostem!



O texto a que Bruce Alberts se refere é esse aqui, e é de fato muito interessante! Eu, pelo menos, queria ter uma aula assim...

Gostaria muito de agradecer ao Professor Wanderley Souza por toda a ajuda, afinal, foi através dele que eu consegui essa entrevista. E também gostaria de agradecer à Professora Denise Carvalho, que muito gentilmente (gentilmente de verdade, não é só jeito de falar não!) me cedeu o gabinete da direção do IBCCF para a gravação da entrevista. Por fim, quero agradecer a minha amiga Iaralice Medeiros que me emprestou a câmera!

Nesse mesmo dia, Bruce Alberts deu uma entrevista para a Ciência Hoje Online, sobre o sistema de publicação científica. A entrevista foi realizada pela jornalista Sofia Montinho (que se assustou com o status de celebrity que Bruce Alberts tem na universidade) e pode ser conferida aqui.
Por Luiza Montenegro Mendonça.
O retrato do Dr. Bruce Alberts foi feito por Jon Friedman.
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